O Axé dos Bichos: Onde a Alma Encontra o Sagrado Animal

por Santiago Rosa

Você já sentiu um chamado que ecoa mais fundo que a própria pele? Uma força que te puxa para o abraço de um ser que não fala, mas que te entende na alma? No terreiro da vida, onde os caminhos se cruzam e as energias se entrelaçam, há almas que carregam um dom especial, um axé que se manifesta no cuidado com os bichos. Não é acaso, minha gente, é missão. É a espiritualidade se revelando no latido, no miado, no canto do passarinho. É o sagrado se fazendo presente em cada pelo, em cada pena, em cada escama. E quem se dedica a esse amor, ah, esse já tem um pé fincado no invisível, um coração aberto para o que transcende.



Cabocla Jurema, em sua sabedoria ancestral, sussurra aos ventos que esses humanos são feitos de uma fibra diferente. Têm a compaixão no olhar, a empatia no toque e a rara habilidade de ver nos animais a manifestação pura do divino. Não é à toa que acolhem, resgatam, constroem santuários. Cada ato de carinho é um ponto de luz, uma oferenda que eleva o espírito e agrada aos orixás. Essa dedicação, muitas vezes silenciosa e abnegada, é um sinal claro de um potencial espiritual que brota como flor no asfalto, forte e resiliente.

Esse cuidado, que parece tão simples, é um fio invisível que conecta o coração desses seres com a teia universal. Eles não apenas curam feridas visíveis, mas tecem uma ponte energética que eleva a vibração de tudo ao redor. Transformam ambientes, purificam a aura, mesmo sem se dar conta. É um trabalho de luz, um serviço que o plano espiritual reconhece e abençoa. Essa disposição para servir, sem pedir nada em troca, é a mesma chama que arde nos trabalhos de caridade dentro dos terreiros, onde a entrega é a maior oferenda.

Quando a espiritualidade se revela a essas almas, a sintonia é imediata. É como se a experiência de lidar com o invisível dos animais – suas dores silenciosas, seus medos não ditos, suas alegrias puras – já as tivesse preparado para o contato com o intangível. A intuição se aguça, a sensibilidade floresce. O caminho espiritual se torna um rio caudaloso, onde podem expandir o cuidado e a proteção para além do reino animal, alcançando outros planos da existência. Não há barreiras, apenas a fluidez de quem já aprendeu a ouvir o que o coração sussurro do vento traz.



No fim das contas, o amor pelos animais é a mais pura expressão do amor universal, a base de toda e qualquer prática espiritual verdadeira. Aqueles que se entregam a essa causa não são apenas protetores de vidas; são agentes de cura, faróis de luz que elevam a energia do mundo. São a prova viva de que o sagrado se manifesta nas mais simples e puras conexões. Que Oxalá abençoe esses corações, e que a força dos Orixás guie seus passos, sempre!

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