Pedro Pescador, o Guia das Emoções Firmes e do Coração Leve
Naquele pedaço de chão abençoado pela Bahia, onde o mar canta histórias e a terra guarda segredos, nasceu Pedro, filho das águas, filho de Iemanjá. Moreno, de pele curtida pelo sol, ele era a própria imagem da resistência e da serenidade. Pedro não era homem de muitos discursos, mas quando falava, suas palavras vinham como ondas suaves, carregadas de uma sabedoria que só o mar e a vida poderiam ensinar. Ele não constituiu família no sentido comum, mas sua existência foi um rio de dedicação: cuidou da mãe até seus últimos dias, viu a irmã Maria crescer com graça e ajudou o irmão João a se tornar um mestre da geografia. Tudo isso ele conquistou com as mãos calejadas pelo trabalho e o coração fortalecido pelas lições do mar.
Pedro era um homem de estatura média, mas sua presença era como a maré: cheia de força e constância. Andava descalço, como quem quer sentir a terra e a areia sob os pés, e vestia-se com simplicidade: calça branca arremangada, camisa azul de mangas dobradas e o inseparável chapéu de palha, que o protegia do sol inclemente. Era assim que ele caminhava pela praia, entre o canto das gaivotas e o cheiro de peixe fresco, um verdadeiro filho da Bahia.
Mas o que mais marcava Pedro não era apenas sua aparência ou seu trabalho; era sua personalidade tranquila, sua facilidade de comunicação e a maneira como ele transmitia ensinamentos. Embora não tivesse tido acesso aos estudos formais, Pedro falava com uma pausa que revelava reflexão, como quem pensa antes de articular palavras certeiras. Suas orientações eram seguras, suas frases, cheias de significado. Ele era um homem que sabia ouvir e, quando falava, suas palavras ecoavam como conselhos grandiosos, sempre apontando para a estabilidade emocional e o equilíbrio interior.
Pedro ensinava que a vida é como o mar: cheia de movimentos, altos e baixos, calmaria e tempestade. Ele dizia: "Sabe, filho, às vezes fico em pé no barco, e mesmo com ondas furiosas balançando para os lados, eu me mantenho firme na proa, sem medo de cair no mar. Assim eu espero que seja a vida de vocês: que mesmo diante de obstáculos, como ondas furiosas balançando a sua jornada, vocês se mantenham firmes, sem medo de cair, e sigam sempre em frente." Sua mensagem era clara: a estabilidade das emoções é a âncora que nos mantém seguros, mesmo quando tudo ao redor parece desmoronar.
Além de sua sabedoria, Pedro era conhecido por sua leveza e gratidão. Ele costumava dizer: "Vivi de forma leve, cantando e muito agradecido pela minha vivência." Essa frase revelava o quanto ele havia evoluído espiritualmente durante sua vida terrena. Pedro não carregava mágoas ou ressentimentos; ele vivia com o coração aberto, celebrando cada momento como um presente. Sua gratidão era contagiante, e sua capacidade de encontrar beleza nas pequenas coisas inspirava todos ao seu redor.
Quando desencarnou, por volta dos sessenta anos, Pedro deixou um legado que vai além do mundo material. Na Umbanda, ele se tornou um guia espiritual, trabalhando na linha de Iemanjá. Sua força não está apenas em sua conexão com as águas, mas na maneira como ensina seus protegidos a navegar pelas ondas da vida. Ele é o pescador de almas, o guia das emoções firmes, o filho de Iemanjá que nos ensina a enfrentar os desafios com serenidade e a viver com gratidão.
E assim, Pedro segue sua jornada, agora no plano espiritual, mas sempre presente nas praias da Bahia, onde o vento sopra seu nome e as ondas sussurram suas lições. Nas horas de dificuldade, é a ele que recorremos, buscando a força para permanecer de pé, como ele na proa do barco, enfrentando as ondas furiosas sem medo de cair, sempre seguindo em frente. Pedro Pescador é mais que um guia; é um exemplo de como viver com equilíbrio, leveza e gratidão, deixando um rastro de luz por onde passa.
Santiago Rosa



MARAVILHOSO! EMOCIONAN
ResponderExcluirTE!!! 👏👏👏👏👏👏👏👏👏👏❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️