Espírito das Águas: A Força de Cabocla Jurema da Cachoeira
Quem nunca viu Cabocla Jurema da Cachoeira, flecheira, filha de Tupinambá, derramar água dos olhos,
é porque ainda não sentiu o vento sussurrar seu nome nas folhas.
Porque ainda não pisou descalço na terra úmida onde seus pés dançam leves,
como quem embala a saudade dos que vieram antes.
Jurema chora como chove o céu quando a terra tem sede.
Chora como deságua o rio quando encontra o mar.
Mas seu pranto não é tristeza, é o canto antigo das águas,
é o segredo murmurado nas correntezas de Oxum.
Quem já sentiu seu olhar pousar sobre a alma sabe:
Jurema não olha, ela desvela.
Ela alcança o que escondemos no silêncio,
desata os nós do peito,
afaga as dores que não sabemos nomear.
E quem a vê sorrir depois de chorar entende
que há beleza no que se dissolve,
que há força na entrega,
que amor e coragem são feitos da mesma água
que lava e renova,
que cura e ensina.
Porque o coração de Jurema bate no compasso do vento,
do rio, da mata,
e no seu bater, ensina:
O que flui, floresce.
Santiago Rosa



❤️❤️❤️❤️❤️❤️👏👏👏👏👏👏👏
ResponderExcluir