Sob a Presença do Rei: O Poder de Xangô
Como se o próprio universo se curvasse para anunciar a chegada do Rei de Oyó! Quando fui avisado de sua chegada, meu coração pulsou com uma força que parecia ecoar a grandeza de seu nome: Xangô, o Senhor da Justiça. O ar ficou mais denso, carregado de uma energia que fazia minha pele arrepiar. E então, ele chegou.
Imponente, gigante, preenchendo cada canto do espaço com sua presença sublime e inabalável. Seus movimentos eram repentinos, certeiros, como golpes do machado que carrega a verdade e a justiça. Era impossível desviar o olhar de sua figura. O semblante sério, cheio de autoridade, deixava claro que ele não é apenas um orixá; ele é o Rei, o Pai, aquele que ordena e equilibra tudo que existe.
E quando seu machado riscou o ar, cortando tudo que era impuro e desnecessário, eu senti como se meu espírito também fosse tocado, limpo, renovado. Os golpes não eram apenas no espaço; eram no tempo, na alma, gravando no chão e no meu coração que ele esteve ali. Ali, onde sua força sublime deixou marcas que jamais serão apagadas.
Partilhei de seu fumo e de sua bebida, e isso me trouxe uma conexão ainda mais profunda. Ele não apenas me olhou, mas pareceu olhar dentro de mim, revelando tudo o que eu precisava aprender sobre justiça, retidão e força. Cada gesto seu era uma lição silenciosa, cada movimento, uma chamada para a transformação que ele exige de seus filhos.
E então, como um rito de consagração, o humilde congá se tornou um templo digno do Rei. O portal foi abençoado por suas armas, tornando-se um espaço consagrado à justiça e à verdade. Não havia nada no mundo naquele momento além de sua força inigualável e da gratidão que transbordava do meu coração.
Kaô Kabecilê, meu Rei Xangô! Só posso agradecer por ter estado diante de tamanha majestade, por ter sentido sua força e por ter aprendido, ainda que por breves instantes, o verdadeiro caminho da justiça.
Santiago Rosa


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