Ogum: O Protetor da Resistência e da Vida
Ogum, Guerreiro de Todos Nós
Ogum é a lâmina que corta o peso da vida. A espada forjada no fogo das lutas e nas dores de um povo que jamais desistiu. Ele é o grito abafado, o que ecoa na madrugada, na favela, nas periferias, onde a miséria e a violência tentam silenciar os corpos negros e os sonhos. Ele é aquele que, com sua coragem, atravessa o campo de batalha, ferido e vitorioso, porque a luta é diária, é sobre a terra onde o suor se mistura à dor, mas também à esperança.
O guerreiro Ogum não é mais apenas um mito. Ele é um de nós, espelhado nas ruas e becos, onde o medo não é mais um adversário, mas um companheiro silencioso. Ogum é o símbolo da resistência do povo negro, que carrega nas costas não apenas sua ancestralidade, mas a luta por justiça, pela vida que se arranca das garras da exclusão e da violência. Sua espada não corta apenas a carne, mas o ciclo cruel que tenta aprisionar aqueles que não se curvam, que se recusam a ser apagados.
Cada passo de Ogum é marcado pela terra que ainda arde nas cicatrizes da escravidão, pelas marcas que ainda se fazem no corpo das mulheres e homens que se veem reféns de uma sociedade que se esquece de seus filhos. Ele caminha com os pés sujos, mas com a força daqueles que sabem que não existe vitória sem a dor da caminhada. Ele é o guerreiro, mas também o protetor das lutas que não têm fim, porque a batalha contra a desigualdade, contra o racismo, contra o sistema que oprime, é eterna.
Ogum é a força que pulsa nas mãos calejadas, na mente que pensa e cria, na voz que se levanta contra o injusto. Ele não é só orixá de guerra, mas de coragem diante das adversidades que tentam apagar a dignidade do povo negro. Ele é o sopro que ressurge, o impulso que move, aquele que não aceita a submissão de quem não se vê na história.
A luta é longa, mas Ogum é o protetor daqueles que não desistem, daqueles que sabem que o caminho da liberdade é feito de suor e de coragem. Em cada esquina, em cada roda de samba, em cada manifesto, Ogum se faz presente, guiando os passos dos que se levantam e se recusam a ser invisíveis.
Hoje, como ontem, ele continua a caminhar conosco, de braços abertos para a luta, para a vitória que não será entregue, mas conquistada com cada passo firme, com cada desafio superado. Ogum, o guerreiro de todos nós, ainda nos protege, nos guia e nos lembra que a luta pela vida nunca é em vão.
Santiago Rosa
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