Nanã: O Barro Sagrado que Molda o Coração
A leveza chegou como quem não tem pressa, de mansinho, quase como uma brisa que passeia entre as folhas de um velho cajueiro. O mundo parecia desacelerar, o tempo a tomar um outro ritmo, e foi nesse compasso suave que Nanã me encontrou. A Grande Mãe, com seus passos firmes e cheios de sabedoria, não precisou de palavras. Sua presença era um poema, cada gesto uma oração.
Ela se apresentou como o calor do sol que toca a pele e aquece a alma. Trouxe consigo um silêncio que não era vazio, mas cheio de histórias antigas, de conselhos guardados nas dobras do tempo. Ao abrir meu coração, ela não invadiu; apenas ficou ali, contemplando o que eu mesmo tinha esquecido. Seu olhar era espelho, e ali enxerguei o que precisava mudar e o que deveria valorizar.
Foi quando ela ergueu sua mão, pesada de argila e ancestralidade, e tocou minha cabeça. Era a benção mais simples e, ao mesmo tempo, a mais grandiosa. Como pode algo tão singelo carregar tanto poder? Foi aí que compreendi: Nanã é a Mãe do barro, do início e do fim, e ali ela moldava não só o meu caminho, mas a forma como eu olharia para ele.
Deixou sua força em cada canto da minha vida, e partir desse dia, meu coração tornou-se também o congá dela, lugar sagrado onde seus ensinamentos ecoam como mantras: "Respeite o tempo, abrace a paciência, confie na sabedoria do silêncio." Gravados em mim, seus ensinamentos são raízes que não se rompem, e sua energia é um manto que protege.
Na despedida, que nunca é de fato um adeus, senti o perfume de uma chuva que chega devagar para abençoar a terra. Ela, com sua leveza mágica, se foi deixando um rastro de paz que ainda sinto. Minha coroa de orixás está completa, e Nanã, com sua grandeza, mostrou-me que a verdadeira força reside na doçura do entendimento.
Foi sublime.
Saluba Nanã!
Santiago Rosa
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MAGNÍFICO E EMOCIONANTE!
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