A Lenda do Julgamento de Xangô

 Conta-se que Xangô, conhecido por sua justiça imparcial, também era responsável por manter a ordem no panteão dos orixás e nas terras dos humanos. Um dia, dois grandes guerreiros, Ogum e Oxóssi, entraram em uma disputa acirrada sobre quem era o mais poderoso e digno de ser o melhor guerreiro.

Ogum, o orixá do ferro, da guerra e da forja, e Oxóssi, o orixá da caça e das matas, estavam sempre em competições para provar sua força, habilidades e coragem. Cansados de disputas constantes, ambos decidiram buscar a autoridade de Xangô para uma decisão final.

Ao chegar diante de Xangô, os dois orixás apresentaram suas causas. Ogum falava com orgulho de sua habilidade de forjar armas poderosas e de sua liderança nas batalhas, enquanto Oxóssi contava histórias de suas caçadas, de como ele trazia alimento e proteção para todos nas florestas. Ambos exigiam que Xangô os reconhecesse como o maior guerreiro.

Xangô, com sua sabedoria, ouviu atentamente ambos, e antes de dar uma sentença, chamou-os para um desafio. Ele decidiu que os dois guerreiros deveriam competir em uma tarefa que exigia tanto força quanto habilidade. A tarefa era encontrar a árvore sagrada que abrigava o maior tesouro da natureza, uma árvore que, para ser encontrada, exigia destreza tanto nas matas quanto no combate.

Ogum e Oxóssi partiram para o desafio. Ogum, com sua força e habilidades de combate, tomou o caminho mais direto, rompendo tudo em seu caminho. Já Oxóssi, com sua paciência e agilidade, sabia que o segredo estava em respeitar o ritmo da floresta, avançando com astúcia.

Quando os dois chegaram à árvore sagrada, Xangô os aguardava. Ele fez sua avaliação:Ogum demonstrou sua força e coragem, mas sua pressa e impaciência o levaram a destruir parte da natureza ao redor, enquanto Oxóssi, com sua inteligência e respeito pelo ambiente, havia encontrado o caminho sem causar danos.

Xangô então declarou: "A verdadeira força não está apenas no combate, mas também no respeito, na sabedoria e no equilíbrio." Ele reconheceu que ambos eram grandes guerreiros, mas que a verdadeira honra estava em compreender que o poder vem da sabedoria de respeitar o mundo ao seu redor e não apenas de destruir obstáculos.

Santiago Rosa