A Bênção de Oxum: Quando a Água Cura a Alma
Foi uma experiência linda, quase como um sonho, mas era tão real, tão forte, que sinto cada detalhe até agora. Primeiro, Oxum dançava suavemente, como se o ar ao redor fosse feito só para ela. Cada movimento dela era como um pedaço de graça pura, cada gesto cheio de um significado profundo que eu não conseguia traduzir, só sentir. E então, com uma calma infinita, ela começou a se preparar. Passou os dedos pelos cabelos, ajeitando cada fio com um cuidado tão delicado que parecia um carinho que ela fazia em si mesma. Como se estivesse se preparando para algo sagrado, ela se olhou no espelho, e ali, vi uma imagem de serenidade e beleza que quase me tirava o fôlego.
Quando finalmente ela entrou nas águas da cachoeira, tudo ao redor parecia respirar junto com ela. O jeito como ela se banhava era uma união com a essência daquelas águas, como se estivesse mergulhando no próprio espírito que habita cada corrente, cada gota. Era força e doçura ao mesmo tempo, uma fusão completa com aquele lugar. E então, com um sorriso tão puro que parecia iluminar tudo, ela voltou-se para mim e começou a colher a água com as mãos.
Cada vez que Oxum derramava a água sobre mim, era como se ela me tocasse a alma. Ela me banhava devagar, com um carinho que entrava no fundo do meu ser, lavando tudo, limpando o que eu nem sabia que precisava ser purificado. E, enquanto as gotas escorriam, ela abaixava-se de novo, colhia mais água e repetia o gesto, derramando-a sobre minha cabeça. Parecia que ela queria que eu absorvesse cada partícula da sua bênção, cada fragmento da sua energia.
Era um turbilhão de sentimentos – reverência, acolhimento, um tipo de amor que não cabe em palavras. Foi tão forte, tão verdadeiro, que senti meu coração pulsar em outro ritmo. Algo mudou ali dentro, e sei que essa lembrança, esse toque e esse momento com Oxum, vão estar comigo, vivos, para sempre.
Santiago Rosa


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