por Santiago Rosa
“O que acontece quando alguém interrompe o fio da própria vida antes da hora marcada pela espiritualidade?”
Essa pergunta ecoa no silêncio de muitos corações.
E talvez, só de lê-la, você tenha sentido um arrepio.
O tema é tabu. Assusta. Aperta o peito.
Mas é justamente por isso que precisamos falar sobre ele.
O suicídio.
Na Umbanda, esse gesto não é visto apenas como um ato humano de desespero, mas como um rompimento profundo com o pacto sagrado da vida. A vida, para nós, não é apenas biologia. É força consagrada. É sopro de Olorum. É uma dádiva que não nos pertence totalmente, porque está entrelaçada ao destino, à ancestralidade, ao aprendizado espiritual que cada um de nós jurou cumprir antes mesmo de nascer.
Mas… o que acontece com aquele que decide partir antes do tempo?
Será que a dor acaba? Será que o silêncio vem? Ou será que a verdadeira batalha começa justamente ali?
A vida como ciclo sagrado
Na Umbanda, entendemos a vida como um fio tecido entre muitas mãos. Os Orixás nos dão a energia vital. Os guias espirituais nos acompanham como lanternas no caminho. Cada escolha que fazemos é como um ponto bordado nesse tecido.
Quando alguém decide cortar esse fio, não está apenas encerrando sua própria experiência: está interrompendo lições, vínculos, responsabilidades espirituais que ainda precisavam ser vividas.
E o preço dessa interrupção… não é leve.
O peso do ato
O suicídio não é visto apenas como uma dor pessoal, mas como uma quebra do equilíbrio cósmico.
Na visão umbandista, a pessoa que tira a própria vida mergulha em regiões densas do astral — conhecidas, em influências kardecistas, como “umbral”.
Ali, a dor não se dissolve. Ao contrário: ela ecoa, amplificada, porque o espírito carrega consigo a memória do gesto, a culpa, o arrependimento, a sensação de fracasso. Muitos desses espíritos tornam-se entidades sem luz, presas entre mundos, vagando sem compreender totalmente o que fizeram.
É duro imaginar isso.
Mas não falo para amedrontar.
Falo para lembrar que há sempre um outro caminho antes da queda.
A esperança que nunca morre
A Umbanda não é religião do castigo.
É religião da cura.
Se é verdade que o suicídio traz consequências sérias, também é verdade que nenhuma dor é eterna. Nenhum espírito é condenado para sempre. A cada lágrima que se derrama aqui, um Preto Velho ora lá. A cada noite em que alguém pensa em desistir, uma Pomba Gira cochicha esperança no ouvido. A cada passo vacilante, um Caboclo firma o chão sob os pés.
O espírito suicida encontrará, cedo ou tarde, acolhimento nos terreiros espirituais, será resgatado pelos guias, será reconduzido ao aprendizado. Mas o preço será a dor de ter interrompido o ciclo, a necessidade de refazer caminhos, de voltar em novas encarnações para enfrentar justamente aquilo que tentou evitar.
E é aqui que está o ponto mais enigmático:
o que você vive hoje, por mais pesado que pareça, é exatamente a prova que sua alma pediu para se fortalecer.
Por que não abandonar o barco
Pense comigo:
Se você desistir hoje, seu espírito será levado a repetir, em outra vida, os mesmos desafios, talvez até maiores.
Então, o que parece “fim” é, na verdade, um adiamento doloroso.
A Umbanda nos ensina que a vida não é para ser perfeita, é para ser vivida.
É para cair e levantar.
É para aprender com a dor e sorrir mesmo assim.
É para se descobrir mais forte do que acreditava ser.
Você não está sozinho nessa luta.
E, acredite, há olhos espirituais que jamais deixam de olhar por você.
O chamado dos guias
Os Pretos Velhos sussurram: “Filho, segura mais um pouco. A noite não dura para sempre.”
As Pombas Giras dizem: “Menina, teu corpo é teu templo, tua vida é tua coroa.”
Os Caboclos lembram: “Guerreiro, não existe flecha que não encontre alvo, nem coração que não reencontre caminho.”
Quando a vontade de desistir chega, lembre-se: é também ali que os guias mais trabalham. É ali que eles mais estão próximos.
Um segredo que poucos sabem
Agora, preste atenção:
Muitos espíritos, antes de reencarnar, já sabiam das dores que viveriam. E ainda assim aceitaram, porque sabiam que cada cicatriz seria degrau para a evolução.
Então, a pergunta é:
Será que essa dor que você sente hoje não é justamente o portal para o poder que sua alma tanto buscou?
A resposta não está em apressar o fim.
Está em atravessar a noite, porque é do outro lado dela que o sol se levanta.
E se você conhece alguém…
Se você tem um amigo, um familiar, um irmão de fé que demonstra sinais de desistência, não silencie.
Não ache que é “drama”.
Não pense que vai passar sozinho.
Na Umbanda, aprendemos que o silêncio é terreno fértil para os kiumbas se aproximarem. Mas a palavra, o abraço, o axé compartilhado… são forças que resgatam vidas.
Uma conversa pode salvar um destino.
Uma mão estendida pode mudar uma história inteira.
E agora, a pergunta que não se cala:
Se a vida é sagrada, se cada dia é uma chance única de evolução…
o que você ainda precisa descobrir antes de desistir?
Se essa leitura tocou seu coração, não guarde só para você.
Compartilhe com quem você ama.
Pode ser que este texto chegue justamente no momento em que alguém está prestes a desistir.
E você pode ser o canal de salvação que um guia espiritual tanto deseja usar.
Compartilhe este artigo com seus amigos e familiares. A vida é sagrada. Que cada palavra seja luz para alguém hoje.
Comentários
Postar um comentário