Você está pronto para o arco-íris ou preso na tempestade? Oxumaré e a coragem de transformar.
por Santiago Rosa
Ah, meus irmãos e irmãs de caminhada, que a luz que vem de Aruanda nos encontre e nos abrace. A gente vê por aí tanta gente com a alma amarrada, o passo pesado, como se a vida tivesse virado um pântano sem fim. A gente escuta os lamentos, as dores que se arrastam, a fé que, às vezes, parece querer fugir pelos dedos. E é pra essa gente, pra nós, que a palavra de Oxumaré se faz ponte, se faz caminho, se faz a própria dança da existência.
Nessa roda da vida, a gente aprende que o tempo não para, que a água que corre não volta pro mesmo lugar. E a espiritualidade, essa estrada que a gente escolhe trilhar, não é pra ficar parado, não. É movimento, é virada, é a certeza de que cada fim é um novo começo. Quantas vezes a gente se pega preso nas teias do que já foi, com medo de soltar, de deixar ir? A gente se agarra ao que conhece, mesmo que doa, mesmo que aperte, e esquece que a vida é um rio que só sabe seguir.
Oxumaré, o Senhor das cores que abraçam o céu depois da chuva, ele vem pra nos lembrar que o que está feito, sim, é sagrado, é a raiz que nos sustenta, a história que nos formou. Mas o que vem depois, ah, o que vem depois é sempre um presente maior, uma promessa de que a vida se refaz, se reinventa, se transborda. Transformar, meus irmãos, é a lei que move o mundo, é o sopro que nos faz respirar de novo. E a beleza maior é saber que nessa lida, nessa labuta de se refazer, a gente não tá sozinho. Oxumaré, ele se enrosca em nós, ele se faz caminho em cada fibra do nosso ser, em cada desejo de ser mais, de ser melhor, de ser inteiro.
A gente vê, a gente sente, a gente escuta os lamentos de quem chega com a alma cansada, com o corpo pesado, com a fé bamba. São as amarras do passado que não soltam, o medo do novo que paralisa, a estagnação que vira um nó na garganta. Tem médium que não se encontra, filho que se perde no caminho, gente que busca a casa de santo pra fugir da vida, e não pra se encontrar nela. Essa é a tempestade que insiste em molhar a alma, que esconde o brilho do arco-íris.
Oxumaré, o Orixá que se faz serpente e arco-íris, ele é o próprio movimento que não cessa, a renovação que não se cansa, a riqueza que brota do chão e alcança o céu. Ele nos mostra que a vida é um eterno ir e vir, um ciclo que se fecha pra outro se abrir. Ele é a cobra que morde a própria cauda, ensinando que todo fim é um recomeço, que a luz sempre vem depois da escuridão mais densa. Se a vida te apertou, se o caminho parece sem saída, se a mudança te assusta, é Oxumaré quem te chama pra dança. Ele te convida a soltar as amarras, a se despir do que já não serve, a abrir o peito pro novo que vem.
Não é fácil, a gente sabe. A transformação dói, exige coragem de se olhar no espelho e ver o que precisa mudar, exige fé pra pular no abismo sem saber onde vai dar. Mas é no fogo da transformação que a gente se forja, que a gente se encontra. Oxumaré nos ensina que a vida é feita de encontros e desencontros, de masculino e feminino, de céu e terra, de morte e renascimento. Ele nos mostra que a beleza está na dualidade, nos contrastes que nos fazem inteiros. Ele nos empurra pra buscar a riqueza, não só a que se conta em moedas, mas a riqueza da alma, do saber, do amar.
Quando a gente se entrega a essa dança de Oxumaré, quando a gente permite que ele se enrole em nossa vida, a gente começa a ver as cores. A gente entende que a tempestade era só um pedaço do caminho, e que o arco-íris sempre esteve ali, esperando a gente abrir os olhos. A gente se fortalece, se levanta, se conecta com a força que vem de dentro. E o mais bonito: a gente vira farol, inspiração pra outros que também buscam o seu próprio arco-íris.
Então, meus irmãos, se permitam essa dança. Deixem que Oxumaré desfaça os nós, que ele traga a renovação, que ele pinte a vida de todos com as cores da esperança e da prosperidade. Que a força dele, a sabedoria dele, a luz dele, esteja sempre com cada um de nós. Arroboboi, Oxumaré!
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