Um chamado da ancestralidade: a voz dos Orixás e Guias em nossa coroa

por Santiago Rosa

No balanço da vida, entre o burburinho do dia a dia e o silêncio que a alma pede, há um sussurro que nem sempre alcançamos com os ouvidos. É a intuição, essa força que nos guia por caminhos que a lógica, por vezes, não ousa trilhar. Para aqueles que têm a coroa firmada nas águas profundas dos Orixás e na sabedoria ancestral dos Guias espirituais, essa intuição não é mero acaso, mas um presente, um axé que brota da mais pura conexão. Não se trata de um pagamento, mas de uma troca, um fluxo natural que se alinha à vibração que carregamos. Quando nossas firmezas estão em dia, é como se a própria força do Orixá, a essência do Guia, pulsasse em nós, nos tornando reverberadores de sua luz, de sua verdade mais genuína. Somos, então, embaixadores, com a procuração da fé para semear os sentimentos mais nobres aqui na vivência, neste chão que pisamos e que nos acolhe.


Essa voz que ecoa em nosso íntimo, muitas vezes sutil como a brisa que beija a folha, outras vezes forte como a tempestade que anuncia a limpeza, é a própria manifestação da força divina. Não é um dom para poucos, mas uma capacidade inerente àqueles que se permitem o mergulho nas águas da fé e da conexão. A firmeza espiritual, essa que se constrói no dia a dia, no respeito aos preceitos, na dedicação aos rituais e na vivência dos ensinamentos, é o alicerce que potencializa essa escuta. É como se cada oração, cada oferenda, cada passo dado no terreiro, cada axé trocado, fortalecesse os fios invisíveis que nos ligam ao sagrado. E nessa teia de energia, a intuição floresce, não como um presságio distante, mas como a própria sabedoria dos Orixás e Guias se manifestando em nosso ser, em cada fibra, em cada pensamento. É a dança do sagrado em nosso corpo, a melodia ancestral que nos embala e nos aponta o caminho, mesmo quando a escuridão parece nos cercar. A intuição, nesse sentido, é a prova viva de que a divindade não está distante, mas reside em nós, pulsando e nos impulsionando a ser a melhor versão de nós mesmos, guiados pela luz que nos habita.


Ao nos tornarmos reverberadores dessa força, assumimos um papel de embaixadores, de representantes com procuração para trabalhar e espalhar os sentimentos mais puros e elevados dos Orixás e Guias aqui na vivência. Não é um fardo, mas uma honra, uma responsabilidade que se traduz em ação, em palavra, em gesto. É a caridade que se manifesta, o acolhimento que se faz presente, a palavra de conforto que acalma a alma aflita. Somos os braços, as vozes, os corações que pulsam em sintonia com o divino, levando a mensagem de amor, de justiça, de equilíbrio e de cura para o mundo. Cada intuição acolhida e cada ensinamento vivenciado se transformam em sementes plantadas em solo fértil, que germinam e florescem, espalhando o axé por onde passamos. É a manifestação do sagrado no cotidiano, a prova de que a espiritualidade não se restringe aos templos, mas se faz presente em cada passo, em cada escolha, em cada encontro. Somos a ponte entre o céu e a terra, os mensageiros de uma sabedoria ancestral que se renova a cada dia, em cada um de nós.

Assim, as intuições que nos chegam, vindas da nossa espiritualidade, dos Orixás e Guias que regem nossa coroa, são mais do que meros pressentimentos. São a legitimação de uma conexão profunda, um presente que se manifesta pela firmeza de nossa fé e pela sintonia de nossa vibração. Não há pagamento, mas uma troca natural, um eco da força divina que se manifesta em nós. Somos, de fato, reverberadores de suas essências, embaixadores de sua luz, com a missão de espalhar o que de melhor eles têm a oferecer. Que essa chama da intuição nos guie sempre, iluminando nossos passos e fortalecendo nossa jornada, para que possamos, a cada dia, ser a manifestação viva do axé em nosso caminhar.

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