A Essência do Ponto de Nanã: A Promessa Urgente das Águas que Curam a Alma

 por Santiago Rosa

Minha gente, quem nunca sentiu o peso do mundo nas costas, a vista embaçada pelas preocupações, os ouvidos moucos para as boas novas e a boca travada para as palavras de carinho? Quem nunca carregou no peito uma aflição que parecia não ter fim, um nó que apertava a alma e roubava a alegria? Ah, meus filhos, essa dor é velha conhecida de muitos, uma sombra que insiste em rondar nossos dias. Mas eu vos digo, com a força que vem da terra e das águas, que há uma promessa urgente, uma bênção real e tangível esperando por cada um de nós. Uma conexão que não só alivia, mas transforma, que não só acalma, mas fortalece: a conexão com a Mãe das Águas Paradas, a Senhora da Sabedoria, a Vovó Nanã Buruquê.


Essa canção que nos toca a alma, "Me lava Nanã, me lava / Com suas águas, Nanã, sagradas", não é apenas um canto bonito. É um portal, um chamado ancestral que ecoa nos nossos corações, convidando-nos a mergulhar nas águas primordiais da criação, onde a cura e a renovação se encontram. É a voz da fé que nos lembra: a solução para a dor que nos aflige está nas mãos daquela que é a mais antiga, a mais sábia, a que tudo vê e tudo compreende. Preparem-se, pois as águas de Nanã estão prontas para lavar o que pesa, para abrir o que está fechado e para encher de luz o que a escuridão tentou apagar.

As Águas Sagradas que Lavam a Alma

Quando a gente escuta o clamor "Me lava Nanã, me lava / Com suas águas, Nanã, sagradas", não é um pedido qualquer. É um mergulho profundo na essência da vida, um reconhecimento da força que vem da terra úmida, da lama que gera e transforma. Nanã, a Vovó, a Anciã, é a senhora das águas paradas, dos pântanos, daquele lugar onde o tempo parece se curvar à sabedoria milenar. E é justamente nessa quietude, nessa aparente inércia, que reside a maior força: a paciência que molda, a ancestralidade que sustenta, a sabedoria que brota do fundo.
Suas águas não são como as corredeiras impetuosas, que levam tudo de uma vez. As águas de Nanã são calmas, profundas, e carregam a memória de tudo que já foi e de tudo que será. Elas purificam não pela força bruta, mas pela delicadeza da transformação, pela capacidade de absorver o que não serve e de nutrir o que precisa florescer. É uma limpeza que vai além da pele, que alcança o espírito, que desfaz os nós da alma e nos reconecta com nossa própria essência. É nas águas de Nanã que a gente aprende que a vida é um ciclo, que a morte é apenas uma passagem e que a renovação é constante, como a lama que se transforma em flor.

Os Sentidos Despertos pela Orixá

E nesse banho de axé, Nanã não lava só o corpo, não. Ela vai lá no fundo, naquilo que nos faz gente, e toca nos nossos sentidos, abrindo caminhos para uma nova percepção do mundo. A canção clama: "Lave meus olhos para que eu possa ver / A luz divina dos meus guias a me proteger". Ah, meus irmãos, essa não é uma visão qualquer. É a visão espiritual que Nanã nos concede, o discernimento para enxergar além do que os olhos carnais mostram. É ver a luz dos nossos guias, dos nossos ancestrais, que nos protegem e nos orientam. É a capacidade de perceber a verdade por trás das aparências, de distinguir o joio do trigo, de reconhecer as bênçãos que nos cercam, mesmo nas horas mais difíceis.
E não para por aí, não! O pedido continua: "Lave meus ouvidos para que eu possa ouvir / Os ensinamentos de bons caminhos a seguir". Quantas vezes a gente se perde no barulho do mundo, nas fofocas, nas palavras vazias, e deixa de escutar o que realmente importa? Nanã, com sua sabedoria milenar, nos ensina a afinar a escuta. É ouvir a voz da intuição, aquele sussurro que vem de dentro e nos aponta a direção certa. É estar atento aos conselhos dos mais velhos, aos ensinamentos que chegam de mansinho, mostrando os bons caminhos a seguir. É a escuta que nos conecta com a sabedoria ancestral, com a voz dos que vieram antes de nós e que têm tanto a nos ensinar.
E a boca, essa ferramenta tão poderosa, também é alvo do clamor: "Lave minha boca para que eu possa dizer / Mensagens de amor a quem precisa receber". A palavra tem força, meus irmãos. Ela pode construir ou destruir, curar ou ferir. Nanã nos convida a purificar nossa fala, a usar a boca para o bem, para proferir mensagens de amor, de acolhimento, de esperança. É a palavra que cura, que abençoa, que levanta o caído, que conforta o aflito. É a comunicação consciente e responsável, que semeia o bem por onde passa, espalhando a luz de Nanã em cada canto.

O Coração que Transborda Alegria

Mas o banho de Nanã não estaria completo se não tocasse o centro de tudo, o motor da nossa existência, o lugar onde moram as emoções mais profundas: o coração. E a canção, em sua sabedoria, não esquece de clamar: "Lave Nanã, o meu coração / Encha ele de alegria e retire a aflição". Ah, o coração! Quantas dores ele já guardou, quantas mágoas, quantos apertos. A vida, minha gente, nem sempre é um mar de rosas, e as aflições, por vezes, parecem querer nos sufocar.
É aí que a força de Nanã se manifesta de forma mais terna e poderosa. Suas águas, que tudo purificam, são capazes de lavar as feridas mais antigas do coração, de dissolver as amarguras que se instalaram e de libertar o sofrimento que nos prende. É uma cura que vem de dentro, que nos permite soltar o que não nos serve mais, abrir espaço para o novo, para o leve, para o que faz a alma sorrir. Quando Nanã lava o coração, ela não apenas retira a aflição; ela o enche de uma alegria que não é passageira, uma alegria que brota da paz interior, da conexão com o divino, da certeza de que estamos amparados e protegidos. É a plenitude que só a Vovó pode nos dar, a sensação de que, mesmo diante dos desafios, a alegria pode transbordar e nos guiar.


A Força Ancestral para Vencer

E depois de lavar os olhos, os ouvidos, a boca e o coração, a gente se sente renovado, pronto para a batalha da vida. Mas não é uma batalha qualquer, não. É uma jornada de superação, e para ela, Nanã nos dá a força que precisamos. O canto ecoa: "Ô, Nanã Buruquê / As suas águas me dão forças pra vencer". Essa força, meus irmãos, não é aquela bruta, que derruba tudo pela frente. Não! A força de Nanã é a força da paciência, da resiliência, da sabedoria que vem de quem já viu muito, já viveu muito e sabe que o tempo é o senhor de todas as coisas.
É a força que brota da lama, que se ergue da quietude, que se nutre da ancestralidade. Nanã nos ensina que a verdadeira vitória não está em atropelar os outros, mas em se manter firme, em aprender com cada queda, em florescer mesmo nas condições mais adversas. Suas águas nos banham com a sabedoria de quem sabe esperar, de quem entende os ciclos da vida e da morte, de quem carrega a memória de milhões de anos. É essa sabedoria que nos guia, que nos dá o discernimento para escolher os melhores caminhos, para enfrentar os desafios com calma e para sair vitorioso, não pela agressão, mas pela persistência e pela fé. A força de Nanã é a certeza de que, com paciência e conexão com nossas raízes, somos capazes de vencer qualquer obstáculo, de transmutar a dor em aprendizado e de seguir em frente com a cabeça erguida.

A Bênção Recebida e o Chamado à Ação

Então, minha gente, depois de tudo isso, a promessa se faz clara, real, tangível. A conexão com Nanã Buruquê não é um conto de fadas, não é uma promessa vazia. É a certeza de que, ao nos entregarmos às suas águas sagradas, somos lavados, purificados, e recebemos a força para ver, ouvir, falar e sentir com uma clareza que antes nos faltava. É a garantia de que a aflição que aperta o peito pode, sim, dar lugar a uma alegria que transborda, uma alegria que vem da alma e que se espalha por todos os cantos.
Não esperem mais, meus filhos! Não deixem que a dor se instale, que a cegueira espiritual vos impeça de ver a luz. Nanã está aí, com seus braços abertos, suas águas prontas para acolher e transformar. Mergulhem nessa fé, nessa sabedoria ancestral, e permitam que a Vovó Nanã Buruquê vos banhe, vos fortaleça e vos guie. Que as águas de Nanã te banhem e te fortaleçam, meus irmãos! Que a sabedoria da Anciã te acompanhe em cada passo, e que a alegria de viver, plena e verdadeira, seja a sua maior bênção. Saluba, Nanã!

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