Oxóssi: O Guardião da Abundância e da Caça Sagrada

 Eu estava ali, e o que se anunciou era impossível de recusar, inescapável, um chamado grandioso e inevitável. Era ele, Oxóssi, o Orixá da caça e da fartura, aquele que se move como o vento e preenche tudo com sua presença inigualável. Quando ele se aproximou, o ar se tornou denso, vibrante, como se eu estivesse diante de uma tropa de guerreiros prontos para abençoar o chão que pisamos. O coração batia forte, no ritmo de tambores invisíveis, e os pés firmavam no solo como raízes ancestrais, conectando-se a um propósito mais antigo do que eu poderia entender.


Com o peito cheio, Oxóssi ergueu uma flecha em direção ao alto, com a força de quem conhece o peso e a promessa do que traz. Ele puxou a flecha para trás, o arco tenso, como se o universo inteiro estivesse sendo contido ali, e soltou com um brado de vitória. A primeira flecha cortou o ar e, no impacto, uma explosão de luz irradiou, iluminando tudo ao redor e aquecendo minha alma como o toque do próprio sol. Ele repetiu o gesto, agora com ainda mais vigor, e uma nova onda de energia espalhou-se, trazendo clareza e benção. Na terceira vez, a força parecia crescer exponencialmente; cada flecha era como um raio de luz que atingia o coração da terra, uma promessa de fartura e abundância que se cumpria ali, no nosso chão.

Eu me sentia profundamente conectado, tocado pela fumaça de seu fumo, que subia e vinha ao meu encontro como uma bênção silenciosa, percorrendo o caminho do ar até o meu peito. Não havia mais dúvidas: eu estava sob a proteção do grande caçador, e tudo que ele trazia era para mim, para todos nós, para que nunca falte alimento na mesa do corpo e da alma.

E ainda houve mais. Oxóssi, com sua grandeza, dirigiu-se ao portal, e com as mãos firmes o abriu e consagrou, para que ali sempre houvesse passagem para a abundância, para a fartura, para tudo aquilo que floresce. Ele me deixou com a certeza de que o caminho está aberto e que o chão que tocamos é nosso, é dele, é de todos os que vêm em busca de luz e de alimento espiritual.

Aqui eu permaneço, no compasso de espera, sabendo que ele voltará. Este chão é seu, Odé, este chão é nosso! Oke arô, Oxóssi!


Santiago Rosa

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